Ginecomastia é o termo médico usado para o aumento de mamas em
homens. Este fenômeno pode acontecer na puberdade, atingindo até 70% dos
meninos nessa fase da vida, porém, nesses casos, a ginecomastia não é
considerada uma patologia e frequentemente cursa com resolução
espontânea. Além disso, pode ocorrer em homens de meia-idade, com uma
casuística de até 65%.
A ginecomastia pode ser uni ou bilateral e costuma ser decorrente de um
desequilíbrio hormonal ou também como consequência do uso de medicações ou
fitoterápicos.
Alguns indivíduos com aumento das mamas podem sofrer desconforto
estético ou algum grau de constrangimento, além disso a ginecomastia pode estar
associada a dor ou sensibilidade na região dos mamilos. Estima-se que em 25% dos casos a ginecomastia é idiopática, ou seja, não
possui causa aparente mesmo após investigação.
Entre as medicações associadas à ginecomastia se encontram: espironolactona
(um tipo de diurético), cetoconazol (antifúngico), cimetidina ou ranitidina
(antiácido para o estômago), terapia antiretroviral (medicações para o HIV).
Produtos derivados de compostos naturais também podem ser causa de ginecomastia,
especialmente na infância. Esses produtos são comercializados em forma de
xampu, sabonetes e loções.
Algumas vezes é preciso fazer o diagnóstico diferencial entre
ginecomastia e pseudoginecomastia, a primeira é decorrente do aumento das
glândulas mamárias, por outro lado, a segunda acontece por acúmulo de gordura
no local. Esta diferença pode ser identificada através da palpação por um
profissional especializado. Havendo dúvida, a ecografia mamária ou mamografia
podem determinar o tecido que provoca aumento de mamas. Procurar auxílio médico nesses casos é extremamente importante para
excluir a possibilidade de câncer de mama, que também pode ocorrer em
homens.
Exames de sangue devem ser realizados para detectar se há alguma
desordem hormonal.
Na maioria das vezes, a ginecomastia costuma ser autolimitada e com
resolução espontânea, mas dependendo da causa e da gravidade, deve ser
tratada. Existem vários tipos de tratamento, porém nem sempre o mesmo é
necessário visto que a ginecomastia é uma condição benigna e pode regredir
espontaneamente. A escolha da terapia vai depender da causa, da gravidade ou de
quanto desconforto ou constrangimento é causado ao paciente.
Quando o tratamento está indicado, pode-se lançar mão de medicações como
Tamoxifeno ou Raloxifeno. Estas medicações bloqueiam o efeito do
estrogênio (hormônio feminino) na glândula mamária e, com isso, reduz o tamanho
das mamas. É importante salientar que, embora seja um tratamento difundido e
bastante usado, ele não é aprovado com esta finalidade pela ANVISA (agência
nacional de vigilância sanitária) ou FDA (agência americana que regulamente
medicações e alimentos) por não haver estudos clínicos definitivos sobre o
risco e benefício dessas medicações na ginecomastia. Quando a ginecomastia está presente há mais de 1 ano, o tratamento farmacológico
nem sempre é eficaz. Nesses casos pode ser necessário um procedimento cirúrgico
para reduzir o volume da mama.
No caso de homens em tratamento para câncer de próstata e em uso de
hormonioterapia, o desenvolvimento de ginecomastia também é possível em
decorrência do próprio tratamento do câncer. Estes pacientes também são candidatos
ao uso de tamoxifeno ou radioterapia mamária (1 a 3 sessões) para reduzir as
chances de desenvolver ginecomastia.
Claudine Felden
Médica Endocrinologista
CRM 34816 RQE 27681
Instagram: claudinef.endocrino
Instagram: claudinef.endocrino
REFERÊNCIAS
Patient education: Gynecomastia (breast enargement in men (Beyond the
Basics)
Lawrence SE, Faught KA, Vethamuthu J, Lawson ML. Beneficial effects of
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Braunstein GD. Clinical practice. Gynecomastia. N Engl J Med 2007;
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Deepinder F, Braunstein GD. Drug-induced gynecomastia: an evidence-based
review. Expert Opin Drug Saf 2012; 11:779.
Narula HS, Carlson
HE. Gynaecomastia--pathophysiology, diagnosis and treatment. Nat Rev Endocrinol
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