segunda-feira, 1 de outubro de 2018

O que é Ginecomastia?


Ginecomastia é o termo médico usado para o aumento de mamas em homens. Este fenômeno pode acontecer na puberdade, atingindo até 70% dos meninos nessa fase da vida, porém, nesses casos, a ginecomastia não é considerada uma patologia e frequentemente cursa com resolução espontânea. Além disso, pode ocorrer em homens de meia-idade, com uma casuística de até 65%.


A ginecomastia pode ser uni ou bilateral e costuma ser decorrente de um desequilíbrio hormonal ou também como consequência do uso de medicações ou fitoterápicos.


Alguns indivíduos com aumento das mamas podem sofrer desconforto estético ou algum grau de constrangimento, além disso a ginecomastia pode estar associada a dor ou sensibilidade na região dos mamilos. Estima-se que em 25% dos casos a ginecomastia é idiopática, ou seja, não possui causa aparente mesmo após investigação. 

Entre as medicações associadas à ginecomastia se encontram: espironolactona (um tipo de diurético), cetoconazol (antifúngico), cimetidina ou ranitidina (antiácido para o estômago), terapia antiretroviral (medicações para o HIV). Produtos derivados de compostos naturais também podem ser causa de ginecomastia, especialmente na infância. Esses produtos são comercializados em forma de xampu, sabonetes e loções.

Algumas vezes é preciso fazer o diagnóstico diferencial entre ginecomastia e pseudoginecomastia, a primeira é decorrente do aumento das glândulas mamárias, por outro lado, a segunda acontece por acúmulo de gordura no local. Esta diferença pode ser identificada através da palpação por um profissional especializado. Havendo dúvida, a ecografia mamária ou mamografia podem determinar o tecido que provoca aumento de mamas. Procurar auxílio médico nesses casos é extremamente importante para excluir a possibilidade de câncer de mama, que também pode ocorrer em homens. 
Exames de sangue devem ser realizados para detectar se há alguma desordem hormonal. 

Na maioria das vezes, a ginecomastia costuma ser autolimitada e com resolução espontânea, mas dependendo da causa e da gravidade, deve ser tratada. Existem vários tipos de tratamento, porém nem sempre o mesmo é necessário visto que a ginecomastia é uma condição benigna e pode regredir espontaneamente. A escolha da terapia vai depender da causa, da gravidade ou de quanto desconforto ou constrangimento é causado ao paciente. 

Quando o tratamento está indicado, pode-se lançar mão de medicações como Tamoxifeno ou Raloxifeno.  Estas medicações bloqueiam o efeito do estrogênio (hormônio feminino) na glândula mamária e, com isso, reduz o tamanho das mamas. É importante salientar que, embora seja um tratamento difundido e bastante usado, ele não é aprovado com esta finalidade pela ANVISA (agência nacional de vigilância sanitária) ou FDA (agência americana que regulamente medicações e alimentos) por não haver estudos clínicos definitivos sobre o risco e benefício dessas medicações na ginecomastia. Quando a ginecomastia está presente há mais de 1 ano, o tratamento farmacológico nem sempre é eficaz. Nesses casos pode ser necessário um procedimento cirúrgico para reduzir o volume da mama. 

No caso de homens em tratamento para câncer de próstata e em uso de hormonioterapia, o desenvolvimento de ginecomastia também é possível em decorrência do próprio tratamento do câncer. Estes pacientes também são candidatos ao uso de tamoxifeno ou radioterapia mamária (1 a 3 sessões) para reduzir as chances de desenvolver ginecomastia. 


                                                                       Claudine Felden
Médica Endocrinologista
CRM 34816 RQE 27681
Instagram: claudinef.endocrino


REFERÊNCIAS 
Patient education: Gynecomastia (breast enargement in men (Beyond the Basics)
Lawrence SE, Faught KA, Vethamuthu J, Lawson ML. Beneficial effects of raloxifene and tamoxifen in the treatment of pubertal gynecomastia. J Pediatr 2004; 145:71.
Braunstein GD. Clinical practice. Gynecomastia. N Engl J Med 2007; 357:1229.
Deepinder F, Braunstein GD. Drug-induced gynecomastia: an evidence-based review. Expert Opin Drug Saf 2012; 11:779.
Narula HS, Carlson HE. Gynaecomastia--pathophysiology, diagnosis and treatment. Nat Rev Endocrinol 2014. 

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