A obesidade é um problema de saúde pública. Os prejuízos que traz para a saúde são bem conhecidos, entretanto, o seu tratamento ainda é um dos principais desafios da medicina atual. Ela é reconhecida como uma doença crônica de caráter recidivante, ou seja, existe uma grande tendência das pessoas obesas que emagreceram voltarem a ganhar peso. Isto decorre da resposta fisiológica do corpo à redução da gordura, que dificulta a manutenção do peso em um patamar mais baixo.
Atualmente, para conseguir bons resultados, precisamos de um grande empenho para mudança de hábitos de vida, além do uso eventual de medicamentos, que, quando bem utilizados, podem amplificar a redução e manutenção do peso.
Um dos mais frequentes questionamentos dos pacientes é a respeito de produtos comercializados sem receita médica, que prometem sucesso no emagrecimento. Anúncios em revistas e mesmo reportagens em meios de comunicação falam de alimentos naturais, funcionais e fitoterápicos como excelentes agentes emagrecedores. Entretanto, existem diferenças fundamentais entre estes produtos e os medicamentos.
Antes de um medicamento ser lançado no mercado, ele tem o seu princípio ativo cuidadosamente estudado em testes de laboratório por vários anos. Depois, ele passa por estudos para verificar sua segurança e, após muitos testes, sua eficácia é testada em grandes estudos comparados ao placebo. Isto é uma fundamental para avaliar se um medicamento realmente funciona, porque é comprovado que se um indivíduo ingerir alguma substância acreditando que ela tenha determinado efeito, ele poderá senti-lo, mesmo que temporariamente, - é o famoso efeito placebo. Depois de lançado no mercado, seguem-se estudando os efeitos benéficos e adversos do produto.
"Produtos fitoterápicos ou naturais" (pholiamagra, chá branco, chá verde, guaraná em pó, óleo de palma, etc) são registrados com a comprovação de seu caráter tradicional e segurança com base na literatura médica, sem a necessidade de estudos específicos. Por outro lado, "medicamentos fitoterápicos" precisam ter pequenos estudos clínicos. Por exemplo, a cáscara sagrada pode ter sua propriedade laxativa descrita, e a garcínia cambogia, como auxiliar na redução de peso.
"Alimentos com propriedades funcionais" devem ter segurança demonstrada, e não são permitidas referências à cura ou prevenção de doenças, segundo as normas da ANVISA. Desta forma, a quitosana, por exemplo, deve ser referido como “auxiliar na redução da absorção de gordura e colesterol”, a goma guar, com a afirmação que “as fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino”, o óleo de cártamo e o óleo de coco como “óleos vegetais” .
Não existem soluções fáceis no tratamento da obesidade, o que torna os pacientes obesos extremamente vulneráveis a falsas promessas. Precisamos de informações corretas na mídia. Respeito à população.
Dra. Simone Peccin
Médica Endocrinologista e Metabologista
CREMERS 18.941 - RQE 9.619