domingo, 18 de novembro de 2018

Qual a diferença entre DIET, LIGHT e ZERO?

Produtos DIET, LIGHT e ZERO costumam causar dúvidas na hora da escolha. Mas afinal, qual pode ajudar a emagrecer? E qual é mais indicado para quem é diabético?



Nos produtos DIET, um dos componentes nutricionais - açúcares, sódio, gorduras, proteínas, entre outros - é retirado ou substituído. Esta informação deve constar no rótulo. São indicados para pessoas que têm restrições alimentares ou não querem consumir algum nutriente específico. Exemplo: pacientes com diabetes que precisem restringir o consumo de açúcar. Um detalhe importante: DIET não é sinônimo de menos calórico! Chocolates e sorvetes dietéticos, por exemplo, podem ser mais calóricos do que o produto normal se o açúcar for substituído por gordura.
O que faz um produto ser LIGHT é a redução em pelo menos 25% de algum nutriente. Isso frequentemente também reduz o conteúdo energético, ou seja, o número de calorias. Logo, alimentos LIGHT podem ser indicados em dietas para emagrecer. No entanto, para que a redução de peso aconteça, deve-se consumir quantidade parecida ao do produto normal (não LIGHT).
Por fim, os produtos ZERO possuem exclusão total de algum ingrediente. Existem os “zero açúcar”, “zero gordura”, “zero sódio”, entre outros. Grande parte dos produtos ZERO são reduzidos em calorias e açúcares, podendo ser utilizados tanto por pacientes diabéticos quanto por quem deseja perder peso.
Uma vez que a leitura dos rótulos pode ser difícil, sempre vale consultar com o endocrinologista ou com o nutricionista no caso de dúvidas.

Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Suplementos alimentares adulterados - questão de saúde pública

Mais da metade dos adultos nos EUA consomem algum tipo de suplemento alimentar. A agência reguladora daquele país chama-se Food and Drug Administration (FDA). Só para localizar vocês, no Brasil mais da metade da população também consome suplementos e a nossa vigilância é feita pela ANVISA.
Um estudo publicado no periódico JAMA no mês de outubro de 2018 mostrou que muitos suplementos vendidos como "naturais" estão na verdade ADULTERADOS e contêm medicações não declaradas na sua lista de ingredientes.


De 2007 até 2016, 776 suplementos adulterados, de 146 marcas diferentes, foram identificados pelo FDA. Destes, 20% continham mais um ingrediente não aprovado como suplemento.
Para quais as finalidades estes suplementos estavam sendo utilizados?
  • 45% estavam sendo usados para aumentar o estímulo sexual – nestes a maioria continha sildenafil (outros compostos como a tadalafila e a vardenafila também foram encontrados). O sildenafil é o fármaco ativo do popular Viagra, medicação utilizada para disfunção erétil. Essas medicações são inibidoras da fosfodiesterase-5 e não podem ser utilizadas em qualquer pessoa (ex: homens em uso de nitratos).
  • 40,9% estavam sendo usados para perda de peso, nestes a maioria continha sibutramina e/ou laxativos. Antidepressivos como a fluoxetina e o próprio sildenafil, mencionado anteriormente, também foram encontrados em alguns destes produtos.
  • 11,9% estavam sendo usados para aumento de massa muscular, nestes a maioria continha esteroides anabolizantes sintéticos.
  • alguns “produtos naturais” para diminuir dores articulares e musculares continham anti-inflamatórios (diclofenaco foi o mais encontrado) e corticoides (principalmente dexametasona – lembrando que estas pessoas correm o risco de desenvolver insuficiência adrenal com a suspensão abrupta do uso).

E pasmem, muitos deles continuavam sendo adulterados MESMO APÓS a FDA ter lhes dado uma ADVERTÊNCIA (alguns produtos tinham mais de 3 advertências consecutivas!!!).
Em resumo, temos aí um grande problema de saúde pública. Muitas pessoas optam por compostos naturais por acreditarem não estarem usando medicação, mas como vocês podem ver não é sempre assim! Não acreditem em milagres, consultem sempre um médico! Antes estar tomando uma medicação regulamentada do que um falso composto natural.

Referência:
Jenna Tucker, et al. Unapproved Pharmaceutical Ingredients Included in Dietary Supplements Associated With US Food and Drug Administration Warnings. JAMA Netw Open. 2018;1(6):e183337. doi:10.1001/jamanetworkopen.2018.3337.

Dra. Luciana Dornelles Sampaio Peres
Médica Endocrinologista
CREMERS 34.995 - RQE 29.637