segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Hipertireoidismo: quando a tireoide faz hora extra

Hipertireoidismo é uma condição médica na qual a glândula tireoide trabalha produzindo mais hormônios do que o necessário. Estes hormômios são a triiodotironina e a tetraiodotironina (ou tiroxina) e controlam vários órgãos, por isso podem causar inúmeros sintomas.

E o TSH? Este é o hormônio tireoestimulante, o mesmo é produzido pela glândula hipófise (uma pequena glândula que fica abaixo do cérebro) e sofre mudanças conforme os níveis de T3 e T4. 

Os sintomas do hipertireoidismo são decorrentes da produção excessiva de T3 e T4: ansiedade, irritabilidade, palpitações, tremores, sudorese, insônia, intolerância ao calor, fraqueza, aumento do trânsito intestinal, perda de peso mesmo comendo normalmente. Em mulheres pode acarretar em alterações dos ciclos menstruais e dificuldade para engravidar, já em homens, pode ocorrer comprometimento da função sexual ou aumento de mamas (ginecomastia). Em alguns casos o hipertireoidismo pode provocar aumento do pescoço (chamado bócio) e, em menor frequência, alterações nos olhos. É importante lembrar que muitas vezes o hipertireoidismo pode ser assintomático e acaba sendo detectado em exames de rotina. 



Muitas podem ser as causas para essa “sobrecarga de trabalho” da tireoide: 
- Doença de Graves (DG): é a causa mais comum, trata-se de uma doença auto-imune (na qual as células de defesa do nosso corpo “atacam” a tireoide sem um motivo aparente). É na DG que os paciente podem apresentar problemas oculares como olho vermelho, estrabismo, protrusão dos olhos e até cegueira. O comprometimento ocular grave ocorre mais comumente em tabagistas. 
- Nódulo tóxico (ou nódulo quente): é quando um nódulo é responsável pela produção do excesso de hormônios.
- Tireoidite: a glândula fica transitoriamente inflamada e libera excesso de hormônios por um período limitado. 
- O excesso de hormônios tireoidianos também pode advir do uso incorreto da reposição de levotiroxina (o T4 usado no tratamento do HIPOtireoidismo) 
Para o diagnóstico do hipertireoidismo são necessários exames de sangue. Nos casos confirmados, outros exames podem ser solicitados, como ecografia ou cintilografia da tireoide. 

O tratamento do hipertireoidismo é importante pois essa hiperfunção da glândula pode desencadear outros problemas de saúde, o mais preocupante deles é a arritmia cardíaca. As opções de tratamento para o hipertireoidismo são:
-Medicamentoso: existem 2 tipos de drogas que bloqueiam o excesso de produção de hormônios tireoidianos (Metimazol, também conhecido como Tapazol, e o Propiltiouracil). Quando o paciente sofre com tremores ou palpitações, também se pode usar betabloqueadores para ajudar a aliviar os sintomas.  
- Iodo Radioativo: em forma de pílula ou líquido com pequena dose de radiação. Ele destrói parte da glândula. O tratamento é bastante seguro em homens e mulheres que não estejam gestando.
- Cirurgia: em casos selecionados pode-se lançar mão da retirada da glândula.  
Pessoas submetida ao iodoradioativo ou cirurgia necessitarão, na maioria das vezes, de reposição de hormônio tireoidiano para toda a vida.

Uma dúvida frequente dos pacientes é: se o tratamento medicamentoso parece tão simples, porque optar por iodoradiotivo ou cirurgia? Isso ocorre porque as medicações usadas para tratar o hipertireoidismo podem causar alguns efeitos colaterais (às vezes potencialmente graves), sendo assim, naqueles pacientes que não tiveram remissão da doença com uso da medicação após 18 a 24 meses de tratamento, em geral, se opta por algum outro tratamento mais definitivo. 

E quando a mulher deseja engravidar? 

É necessário sempre avisar o seu médico antes de gestar ou assim que for descoberta a gravidez. A medicação e as doses da medicação possivelmente terão de ser alteradas. Se a mulher foi submetida ao iodoradioativo, ela deve aguardar pelo menos 6 meses após o tratamento para engravidar. 





Claudine Felden
Médica Endocrinologista
CRM 34.816  RQE 27681
instagram: claudinef.endocrino 


Referências



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