domingo, 28 de julho de 2019

Tão importante quanto emagrecer é não reganhar o peso perdido

Consigo perder peso, mas é tão difícil manter a perda... isso é normal?
Sim, e você não está sozinho nesta luta. Uma metanálise que juntou dados de 29 estudos mostrou que em média mais da metade do peso perdido era recuperado em dois anos. Em 5 anos, 80% do peso perdido havia sido recuperado.



Porque isso acontece?
Existem alguns fatores que contribuem para isso. Um deles é o ambiente obesogênico atual. A alta disponibilidade, propaganda e baixo preço dos alimentos industrializados contribuem com a ingesta calórica excessiva. Estes produtos são geralmente processados, muito calóricos, altamente palatáveis e menos saudáveis. Além disso, os ambientes de trabalho são cada vez mais sedentários e o meio urbano dificulta o deslocamento de forma ativa. Tudo isso contribui para uma ingesta maior de calorias e uma redução no gasto energético.
Outro fator é a resposta fisiológica do organismo à perda de peso. Infelizmente nosso corpo não entende como saudável essa redução dos quilos e cria mecanismos de adaptação endocrinológicos que resultam em aumento do apetite, redução da saciedade e do metabolismo. Foi estimado que para cada quilo de peso perdido, nosso corpo reduz em 20-30kcal/dia seu metabolismo e o apetite aumenta em 100kcal/dia acima do valor prévio ao emagrecimento. Isso leva ao aumento da ingesta calórica sem a percepção do paciente.

O que podemos fazer para superar esses obstáculos?
1- Realizar acompanhamento regular e a longo prazo. É muito importante manter um bom suporte e estímulo profissional (médico/nutricional) e/ou grupo de apoio. 
2- Continuar monitorando (e auto monitorando) peso e alimentação regularmente.
3- Preferir comer em casa à comer em restaurantes ou fast foods. Controlar porções ou comprar refeições com porções ou calorias controladas.
4- Aumentar a atividade física e reduzir tempo de tela (computador, televisão, tablete, celular). Procure descobrir alguma atividade física que te agrade (musculação, dança, natação, caminhadas, esporte em grupo...). Aumente o tempo em movimento (subir escadas ao invés de elevador; ir a pé ao invés de automóvel; passear com animal de estimação)
5- Sempre lembrar (e ser lembrado pelo profissional assistente) de toda conquista que já teve como o peso total já perdido, o quanto de melhora metabólica teve e melhora na qualidade de vida.
6- Analisar, tratar e tentar prevenir episódios de recaídas na alimentação. Procurar ajuda psicológica caso preciso.
7- Tratamento farmacológico ou cirúrgico pode ser uma alternativa de tratamento adicional quando necessário.

Em resumo, a redução do peso pode ser atingida de diversas formas, mas manter a perda de peso é muito mais desafiador e exige mudanças do estilo de vida e acompanhamento a longo prazo. 

Referências:
1- Hall KD, Kahan S. Maintenance of lost weight and long-term management of obesity. Med Clin North Am. 2018 Jan; 102(1): 183–197.
2- Fothergill E, Guo J, Howard L, Kerns JC, Knuth ND, Brychta R, Chen KY, Skarulis MC, Walter M, Walter PJ, Hall KD. Persistent metabolic adaptation 6 years after The Biggest Loser competition. Obesity. 2016 Aug; 24(8): 1612–1619.
3- Anderson JW, Konz EC, Frederich RC, Wood CL. Long-term weight-loss maintenance: a meta-analysis of US studies. Am J Clin Nutr. 2001 Nov;74(5):579-84.

Dra. Vanessa Lopes Preto de Oliveira
Médica Endocrinologista
CREMERS 32.187 - RQE 26.842

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