O diabetes mellitus tipo 2 está fortemente associado a maus hábitos alimentares, sedentarismo e excesso de peso. Aproximadamente 80 por cento dos pacientes diabéticos também são obesos. Outros 10 por cento têm sobrepeso.
Além de ser fator de risco para o diabetes, a obesidade também contribui
para outros problemas de saúde. Pressão alta, elevação dos níveis de colesterol e dos triglicerídeos, acúmulo de gordura no fígado, apneia do sono, doenças articulares, doenças cardiovasculares e até mesmo alguns tipos de câncer são mais frequentes em pacientes obesos.
Em vista disso, além das mudanças na dieta e no estilo de vida, são
bem-vindas opções de tratamento medicamentoso que ajudem ativamente na
redução do peso. Atualmente, temos disponíveis no Brasil três classes de
remédios para o diabetes que podem ajudar na redução do peso. São elas:
Biguanidas
O único representante desta classe é a metformina,
considerada por muitos a melhor opção terapêutica para o tratamento do
diabetes tipo 2. Logo, todo paciente diabético deve usá-la se não houver
contra-indicação.
A perda de peso com a metformina costuma ser bem modesta, sendo mais
perceptível uma estabilização no peso. Apesar disso, dados de diversos
estudos apontam para redução no risco de doenças cardiovasculares e de
câncer.
É disponibilizado gratuitamente através da Farmácia Popular.
Inibidores do SGLT2
Também conhecidos por gliflozinas, fazem parte desta classe
dapagliflozina, empagliflozina e canagliflozina. Estes medicamentos agem
nos rins, aumentando a excreção de glicose, sódio e água na urina. Como
consequência, além de reduzirem os níveis glicêmicos, reduzem também a
pressão arterial e o peso.
A redução de peso com os inibidores do SGLT2 é de 2 a 3 quilos em média
(alguns pacientes emagrecem menos, outros mais). O peso perdido não
costuma ser recuperado enquanto o medicamento estiver em uso.
Em pacientes com histórico de doenças cardiovasculares, estes
medicamentos previnem morte e descompensação da insuficiência cardíaca.
Também existem evidências de que possam proteger os rins.
São medicamentos de alto custo (média de mais de 100 reais por mês).
Forxiga é o nome comercial da dapagliflozina |
Agonistas do GLP-1
Fazem parte deste grupo exenatide, liraglutide, lixisenatide e
dulaglutide. São medicamentos injetáveis que devem ser usadas duas vezes
ao dia (exenatide), uma vez ao dia (liragludite e lixisenatide) ou uma
vez por semana (dulaglutide).
Em pacientes diabéticos, promovem perda de peso de 2,9 quilos em média.
No entanto, a resposta é bastante individual, além de depender da dose
utilizada. Alguns pacientes perdem pouco e outros perdem muito peso.
Assim como os inibidores do SGLT2, o liraglutide ajuda a reduzir eventos cardiovasculares em pacientes de alto risco.
São medicamentos de muito alto custo (média de mais de 300 reais por mês).
Victoza é o nome comercial do liraglutide |
Todos os medicamentos acima apresentam indicações e contra-indicações
precisas. Logo, a opção por um ou outro deve levar em conta as
características clínicas e preferências do paciente, bem como os custos e
potenciais benefícios do tratamento. O médico endocrinologista ajuda nessa escolha.
Fontes:
1- United Kingdom Prospective
Diabetes Study (UKPDS). 13: Relative efficacy of randomly allocated
diet, sulphonylurea, insulin, or metformin in patients with newly
diagnosed non-insulin dependent diabetes followed for three years. BMJ. 1995;310(6972):83.
2- Liu XY, Zhang N, Chen R, Zhao JG, Yu P. Efficacy
and safety of sodium-glucose cotransporter 2 inhibitors in type 2
diabetes: a meta-analysis of randomized controlled trials for 1 to
2years. J Diabetes Complications. 2015 Nov-Dec;29(8):1295-303.
3- Vilsbøll T, Christensen M, Junker AE, Knop FK, Gluud LL. Effects
of glucagon-like peptide-1 receptor agonists on weight loss: systematic
review and meta-analyses of randomised controlled trials. BMJ. 2012;344:d7771.
Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
CREMERS 30.576 - RQE 22.991
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