A vitamina D é muito importante para manutenção da saúde óssea. Sua deficiência pode causar raquitismo e osteomalácia em crianças e adolescentes. Dados americanos estimam que cerca de 15 por cento das crianças daquele país tenham algum grau de deficiência ou insuficiência da vitamina, podendo passar de 30 por cento em grupos de risco (leia a seguir). Isso justifica que medidas preventivas sejam tomadas de rotina.
Abaixo, algumas dúvidas frequentes sobre vitamina D durante a infância e adolescência...
1- Quais crianças apresentam maior risco de deficiência de vitamina D?
O leite materno é importantíssimo, especialmente para crianças menores de 6 meses, pois é o único alimento. No entanto, a quantidade de vitamina D presente no leite é baixa (15 a 50 UI/litro) mesmo em mães com níveis sanguíneos adequados. Um bebê que mame 750 mL por dia, estará ingerindo apenas 10 a 40 UI de vitamina D. Logo, estão em risco de deficiência e devem receber 400 UI da vitamina na forma de suplemento diariamente.
Bebês prematuros ou nascidos de mães com deficiência de vitamina D apresentam risco ainda maior, pois nos últimos meses de gestação, eles fazem sua "poupança" de vitamina para as primeiras semanas de vida.
Outros grupos de risco são:
- crianças com tom de pele escuro ou que vivam em regiões de alta latitude (mais distantes da linha do Equador), pois recebem menor quantidade de luz solar e sintetizam menos vitamina D.
- crianças vegetarianas, em dietas restritivas ou com doenças do trato gastrointestinal que prejudiquem a absorção de nutrientes.
- crianças obesas, pois o tecido adiposo sequestra a vitamina D.
- crianças em uso de certos medicamentos como anticonvulsivantes ou antiretrovirais.
2- Quais crianças precisam dosar a vitamina D?
A maioria das crianças não tem indicação de fazer exames de vitamina D. Precisam fazer exame de sangue as crianças em risco de deficiência (acima). Outros grupos, apenas conforme critério médico.
3- Quais os níveis normais de vitamina D para crianças?
Apesar de diversos estudos associarem falta de vitamina D a problemas de saúde como diabetes tipo 1, doenças imunológicas, inflamatórias e até mesmo câncer, ainda não há evidência que a suplementação possa ajudar na prevenção ou no tratamento. Logo, os níveis séricos são calibrados para prevenir doenças ósseas como raquitismo e osteomalácia. Os valores mais aceitos internacionalmente para a faixa etária pediátrica são:
- suficiente: maior ou igual a 20 ng/mL
- insuficiente: entre 12 e 20 ng/mL
- deficiente: menor que 12 ng/mL
4- Como prevenir a deficiência de vitamina D?
Como a exposição solar tende a ser irregular mesmo em zonas tropicais, toda criança com até 1 ano deve ingerir pelo menos 400 UI de vitamina D por dia. Após esse período até os 18 anos, a necessidade de vitamina D aumenta para 600 UI por dia. Crianças que consomem alimentos fortificados (leites, iogurtes, cereais) em quantidade apropriada não precisam fazer uso de suplementos.
5- Como é feito o tratamento da deficiência de vitamina D?
Quando diagnosticado, o quadro de deficiência é tratado através de suplementação com doses que variam de 2000 a 6000 UI por dia por período de 6 a 12 semanas. Uma dose de manutenção pós tratamento de 400 a 1000 UI por dia deve ser mantida por tempo indeterminado.
6- Como é feita a monitorização do tratamento?
Exames laboratoriais devem ser realizados após 2 meses do início do tratamento. Se a adesão e a resposta forem boas, o intervalo aumenta, conforme critério médico, para vários meses.
Fonte: Vitamin D insufficiency and deficiency in children and adolescents - UpToDate
Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
Doutor em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991
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