Como já foi dito no texto anterior, a osteoporose é uma doença silenciosa e que raramente apresenta sintomas até que ocorra uma fratura. A dor pode acontecer em consequência de uma fratura que, muitas vezes, ocorre espontaneamente, isto é, sem história de um trauma prévio. Os locais mais comuns de fratura são no fêmur, coluna vertebral e punho. Às vezes o osso fica tão fraco que pode haver um achatamento da vértebra levando a um encurvamento da coluna e diminuição da altura do paciente. Informações sobre fatores de risco e prevenção podem ser lidos no texto anterior publicado aqui no blog, hoje conversaremos sobre diagnóstico e tratamento!
DIAGNOSTICO
O diagnóstico precoce da osteoporose é feito através do exame de Densitometria Óssea. A realização desse exame está indicada nos seguintes casos:
-Mulheres com idade igual ou superior a 65 anos e homens com idade igual ou superior a 70 anos, independentemente da presença de fatores de risco;
-Mulheres na pós-menopausa e homens com idade entre 50 e 69 anos com fatores de risco para fratura;
-Mulheres na perimenopausa, se houver fatores de risco específicos associados a um risco aumentado de fratura, tais como baixo peso corporal, fratura prévia por pequeno trauma ou uso de medicamento de risco bem definido;
-Adultos que sofrerem fratura após os 50 anos;
- Indivíduos com anormalidades vertebrais radiológicas;
- Adultos com condições associadas a baixa massa óssea ou perda óssea, como artrite reumatoide ou uso de glicocorticoides na dose de 5 mg de prednisona/dia ou equivalente, por período igual ou superior a 3 meses.
O resultado do exame é dado comparando a densidade óssea do paciente com uma população de adultos jovens do mesmo sexo (valor que representa a massa óssea máxima, também chamada pico de massa óssea), a relação entre os dois valores, expressa em número de "desvios-padrão" (DP), é chamada de índice T (T score). Em termos mais simples, o T score descreve a diferença entre a massa óssea atual do paciente e a massa óssea da população de adultos jovens. De acordo com o valor obtido, geralmente, na coluna lombar e fêmur, classificamos o paciente da seguinte forma:
T score<-2,5DP = osteoporose
T score entre -1,0 e -2,5 = osteopenia
T score > -1,0 = densidade óssea normal
Exames laboratoriais também poderão ser feitos na dependência da gravidade da doença, idade de apresentação e presença fraturas, com o objetivo de excluir doenças que possam mimetizar a osteoporose e elucidar as causas e gravidade da doença.
TRATAMENTO
O tratamento é realizado com o objetivo de prevenir a perda óssea adicional e reduzir o risco de fraturas. Como a osteoporose pode ter diferentes causas, é indispensável determinar o que provocou a condição, antes de propor o tratamento! O tratamento da osteoporose passa por medidas não farmacológicas e farmacológicas, são elas:
MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS
1.Atividade física regular: importante tanto na prevenção quanto na doença já estabelecida já que a força que os músculos exercem sobre os ossos é capaz de preservar e até aumentar a densidade mineral óssea e também porque a atividade física regular pode ajudar a prevenir as quedas que ocorrem devido a alterações do equilíbrio e diminuição de força muscular e de resistência.
2.Prevenção de quedas: medidas para a prevenção de quedas devem ser adotadas, principalmente nos pacientes mais idosos. Essas medidas devem incluir:
- Evitar deixar obstáculos no chão (fios, objetos, tapetes soltos);
- Evitar o uso de calçados com solado liso ou soltos; não andar em locais pouco iluminados e com chão molhado;
- Utilizar corrimão;
- Não guardar objetos em prateleiras altas;
- Colocar banco de plástico dentro do boxe para, sentado, lavar os pés.
- Se possível instalar piso antiderrapante na cozinha e no banheiro.
- Colocar corrimão e barras de apoio próximos à cama, ao vaso sanitário e dentro do boxe do banheiro.
- Quando acordar à noite, esperar alguns minutos antes de levantar para ir ao banheiro ou tomar água, principalmente se estiver usando remédio que provoque tontura.
- Corrigir distúrbios visuais e auditivos
3.Suspender tabagismo e evitar consumo excessivo de álcool
4.Manter consumo de cálcio: recomenda-se uma ingestão equivalente a pelo menos 1200mg/d de cálcio que deveria, idealmente, ser adquirido através da dieta (veja na tabela abaixo as principais fontes de cálcio). Caso o consumo seja inferior a isso, o cálcio deve ser suplementado
5.Manter aporte adequado de vitamina D: a vitamina D influencia não só a absorção do cálcio e a saúde óssea como também o desempenho muscular, equilíbrio e risco de queda. Recomenda-se a ingestão diária de 800-1.000 UI de vitamina D para adultos com 50 anos ou mais. Embora alguns alimentos contenham vitamina D (vide tabela), a biodisponibilidade é baixa e a nossa principal fonte de vitamina D acaba sendo através da exposição solar. Idealmente deveríamos nos expor ao sol por pelo menos 15 minutos com braços e pernas expostos, sem protetor solar, antes das 10 horas ou após as 16 horas, exceto se contra-indicação dermatológica. Quando a exposição solar não for suficiente está indicada a suplementação.
Valores aproximados de cálcio e vitamina D em algumas fontes alimentares
CLIQUE PARA AUMENTAR O TAMANHO DA TABELA |
MEDIDAS FARMACOLÓGICAS
Existem várias classes de medicamentos que podem ser utilizados de acordo com o quadro clinico de cada paciente. Independente da classe utilizada, é fundamental garantir o aporte adequado de cálcio e vitamina D a todos os pacientes. A escolha da medicação também deve levar em consideração os efeitos adversos dos medicamentos, comorbidades existentes, condição socioeconômica do paciente e esquema posológico.
O tratamento de primeira linha no tratamento da osteoporose é feito com os bisfosfonados, que são a classe de medicação com mais informações em termos de efetividade e segurança a longo prazo, sendo os principais representantes da classe o alendronato de sódio e o risedronato de sódio. Para aqueles pacientes que não toleram as medicações por via oral temos a opção do pamidronato, administrado por via venosa
Outras medicações como os moduladores seletivos do receptor estrogênico (Raloxifeno), PTH recombinante (teriparatida) ou anticorpos monoclonais (Denosumab) são usados menos frequentemente, normalmente quando o paciente não tolera, tem contraindicação ou falha com o tratamento com bisfosfonados ou em alguns casos de osteoporose grave. A terapia de reposição hormonal (TRH) nas pacientes pós-menopáusicas não está indicada apenas para o tratamento da osteoporose mas, naquelas pacientes que tem indicação de TRH (por sintomas vasomotores – fogachos - por exemplo) o risco de fraturas reduz.
Concluindo...
A osteoporose é uma doença global e extremamente prevalente, que pode acometer homens e mulheres principalmente após os 50 anos de idade. Além das fraturas, que podem ser potencialmente graves, a osteoporose também aumentam a mortalidade. A prevenção é fundamental, mas para aqueles que já tem a doença existem tratamentos eficazes para reduzir o risco de fraturas. Caso você tenha algum fator de risco para a osteoporose ou já tenha a doença estabelecida, procure um endocrinologista!! Ele poderá avaliar seu quadro clinico, ver a necessidade de realização de exames complementares e indicar tratamento medicamentoso se necessário.
FONTES
SBEM - https://www.endocrino.org.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-osteoporose/
UpToDate - Overview of the management of osteoporosis in postmenopausal women. Harold N Rosen, Marc K Drezner, MD
International Osteoporosis Foundation (IOF) - https://www.iofbonehealth.org/
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Osteoporose. Ministério da Saúde
Fernanda M. Fleig
Médica endocrinologista
CREMERS 33785/ RQE 28970
https://www.facebook.com/fernanda.endocrinologista/
Nenhum comentário:
Postar um comentário