A osteoporose é uma doença que se caracteriza pela redução da densidade e da qualidade dos ossos, que se tornam mais porosos e frágeis, aumentando o risco de fratura. O grande problema da osteoporose é que a perda de osso ocorre de forma silenciosa e progressiva e, muitas vezes, não há sintomas até a primeira fratura ocorrer. As complicações clínicas da osteoporose incluem não só fraturas, mas também dor crônica, depressão, deformidade, perda da independência e aumento da mortalidade.
Nosso esqueleto é um tecido vivo e em constante mudança. Desde o momento do nascimento até a idade adulta, os ossos estão se desenvolvendo e fortalecendo em um perfeito equilíbrio entre a reabsorção e a formação óssea. Entretanto, à medida que envelhecemos, pode ocorrer um desequilíbrio nesse sistema, ocorrendo mais reabsorção que formação óssea, levando ao enfraquecimento dos ossos (osteopenia) até que eles se tornem mais porosos, quebradiços e propensos a fratura (osteoporose). O equilíbrio entre a reabsorção e a deposição óssea é determinado pelas atividades de dois tipos principais de células, chamados osteoclastos e osteoblastos, que são fortemente reguladas pela ação de alguns hormônios, principalmente o estrogênio. Como o estrogênio está presente numa quantidade bem maior nas mulheres são elas as mais atingidas pela doença, uma vez que na menopausa os níveis de estrogênio caem bruscamente
Vamos a alguns números da doença...
NO BRASIL
- Estima-se que dez milhões de brasileiros sofram de osteoporose, sendo que uma a cada 4 mulheres acima dos 50 anos desenvolve a doença
- Ocorrem cerca de 2,4 milhões de fraturas por ano decorrentes da osteoporose, sendo que 200.000 pessoas morrem todos os anos no país em decorrência destas fraturas.
- Nove em cada 10 mulheres brasileiras não consomem a quantidade adequada de cálcio para manter uma boa saúde dos ossos. Para homens e mulheres acima dos 50 anos, a recomendação para a ingestão diária de cálcio é em torno de 1.200 mg por dia
- Só em 2010, o SUS gastou aproximadamente R$ 81 milhões para a atenção aos pacientes portadores de osteoporose e vítimas de quedas e fraturas
NO MUNDO
- De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 13% a 18% das mulheres e 3% a 6% dos homens acima de 50 anos sofrem com a osteoporose.
- Ocorrem 9 milhões de fraturas por osteoporose por ano, o que significa uma fratura a cada 3 segundos!
- Uma em cada 3 mulheres e um em cada 5 homens acima dos 50 anos terá uma fratura decorrente da osteoporose
- Embora seja uma doença prevalente, estima-se que apenas um em cada quatro pacientes com fraturas recebam o tratamento adequado.
- Nas mulheres com mais de 45 anos, o número de dias passados em hospitais por causa de fratura em função da osteoporose é superior ao induzido por doenças como diabetes e infarto do miocárdio
- Aproximadamente 5% dos indivíduos que apresentam fratura de quadril morrem durante a internação hospitalar, 12% morrem nos 3 meses subsequentes e 20% morrem no ano seguinte ao da fratura
FATORES DE RISCO
O desenvolvimento da osteoporose está relacionado a fatores modificáveis (como sedentarismo e dieta) e não modificáveis (como idade e fatores genéticos), são eles:
1. Menopausa: com a interrupção da menstruação ocorre diminuição dos níveis de estrógeno, que são fundamentais para manter a massa óssea, sendo assim, quanto mais cedo for a idade de menopausa, maior o risco de desenvolver osteoporose.
2. Envelhecimento
3. Hereditariedade: a osteoporose é mais frequente em pessoas com antecedentes familiares da doença.
4. Dieta pobre em cálcio
5. Falta de exposição à luz solar, levando à deficiência de vitamina D
6. Constituição física magra ou estrutura corporal pequena
7. Tabagismo ou consumo excessivo de álcool
8. Imobilização prolongada e sedentarismo
9. Medicamentos: alguns medicamentos usados por longos períodos podem favorecer a redução da massa óssea. Alguns exemplos dessas medicações são os glicocorticoides, anticonvulsivantes (fenobarbital, fenitoína), agentes imunossupressores (ciclosporina, tacrolimo), hormônio tireoidiano em dose supressiva, entre outros
10. Doenças crônicas como diabetes, deficiências ou excessos hormonais (hipogonadismo, hiperparatireoidismo, hipertireoidismo, Sindrome de Cushing), doenças intestinais, alguns tipos de câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, artrite reumatoide, anorexia nervosa, pacientes transplantados ou pós cirurgia bariátrica
PREVENÇÃO
Os fatores genéticos desempenham um papel significativo na determinação do indivíduo com maior risco de osteoporose, no entanto, fatores de estilo de vida, como dieta e atividade física, também influenciam o desenvolvimento ósseo na juventude e a taxa de perda óssea com o envelhecimento.
A prevenção da osteoporose deveria começar desde a infância, já que a massa óssea adquirida durante a infância e juventude é um determinante importante do risco de fratura osteoporótica durante a vida adulta. Quanto maior o pico de massa óssea, menor o risco de osteoporose, estima-se que um aumento de 10% do pico de massa óssea em crianças reduz o risco de uma fratura osteoporótica durante a vida adulta em 50%.
Qualquer fator que cause uma maior taxa de remodelação óssea levará a uma perda mais rápida de massa óssea, sendo assim devemos manter alguns hábitos de vida saudável para evitar ou retardar o aparecimento da doença, são eles:
- Manter uma dieta saudável e uma ingestão adequada de cálcio
- Evitar a subnutrição, particularmente os efeitos das dietas muito restritivas para perda de peso, além dos distúrbios alimentares
- Manter um suprimento adequado de vitamina D através de uma boa exposição solar ou, se necessário, suplementos vitamínicos
- Praticar atividade física regular. O exercício em qualquer fase da vida tem um papel fundamental na prevenção de osteoporose e fraturas.
- Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas
- Evitar quedas!
Quanto ao diagnóstico e tratamento, estes serão assuntos para um próximo texto!
Resumindo...
A osteoporose é uma doença silenciosa, sendo assim a prevenção é fundamental. Hábitos de vida saudáveis, alimentação rica em cálcio, aporte adequado de vitamina D e atividade física regular devem ser mantidos ao longo da vida para reduzir o risco da doença. Se você se enquadra nos pacientes com fatores de risco para a doença, fique atendo, mude seus hábitos e procure um endocrinologista para realizar uma avaliação da sua saúde óssea!
FONTES
SBEM - https://www.endocrino.org.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-osteoporose/
UpToDate - Overview of the management of osteoporosis in postmenopausal women. Harold N Rosen, Marc K Drezner, MD
International Osteoporosis Foundation (IOF) - https://www.iofbonehealth.org/
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Osteoporose. Ministério da Saúde
Fernanda M. Fleig
Médica Endocrinologista
CREMERS 33785/ RQE 28970
https://www.facebook.com/fernanda.endocrinologista/
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